O Brasil é um país amplamente conhecido pela variedade de minerais que possui em todo seu território. Um dos grupos de gemas reconhecidas mundialmente é o da turmalina. Silicatos de boro e alumínio, as turmalinas variam em composição devido às substituições que podem ocorrer em sua estrutura, motivo das cores diversas que apresentam, sendo os elementos de substituição mais comuns o Ferro, Magnésio, Sódio, Cálcio e o Lítio.
Algumas características físicas ajudam na identificação do mineral bruto. As turmalinas podem ser transparentes a opacas e possuem brilho vítreo. Geralmente possuem hábito prismático, estrias verticais bem marcadas, dureza entre 7 e 7,5 e densidade entre 2,9 e 3,41 g/cm3. O subgrupo da schorlita é o mais comum e possui a cor preta, da dravita apresenta a cor castanha, já as elbaítas são o maior subgrupo e possuem lítio em sua composição, possuindo diversas cores: as rosas avermelhadas são chamadas de rubelita, azuis escuras de indicolita, incolores de acroíta, verdes de verdelita, veja mais em nosso post sobre turmalinas (figura abaixo).
Existe ainda uma variedade de cor azul néon, porém que pode variar para verde ou lilás néon, chamada de Turmalina Paraíba (primeira figura abaixo). Ela foi descoberta no final dos anos 80, na Mina de São José da Batalha, na Paraíba (segunda figura abaixo), tornando-se um sucesso desde então. Sua coloração é ocasionada pela presença de cobre e manganês na composição química, elementos que as tornam tão especiais e as diferenciam das demais.
Atualmente, o Brasil possui três minas, sendo elas nos estados da Paraíba e Rio Grande do Norte. Nos anos 2000, a mesma variedade foi descoberta na Nigéria e em Moçambique (figura abaixo).
De acordo com a Gemological Institute of America - GIA, as turmalinas originadas nestes outros locais devem ser denominadas de turmalinas cupríferas, porém, no mercado em geral, todas são chamadas de Paraíba (figura abaixo).
Para se ter certeza da procedência e da presença dos elementos, alguns testes devem ser feitos em laboratórios especializados. A olho nu é praticamente impossível detectar diferenças entre as procedências, apesar de existirem características distintas como o tom ou a saturação da cor. Devido ao alto valor dessa variedade, os testes acabam sendo imprescindíveis, a fim de se ter certeza da presença de cobre e manganês. Para quantificar e identificar os elementos, são utilizadas algumas técnicas analíticas como o espectrômetro de massa por ionização acoplada por plasma com ablação a laser (LA-ICPMS), análise de microssonda eletrônica (EMPA) e fluorescência de raios-X (EDXRF). Existem também técnicas mais recentes como a Espectroscopia Raman e o Fourier Transform Infrared Spectroscopy (FTIR). Já para a identificar a procedência, o trabalho pode ser um pouco mais complexo, tendo que analisar, por exemplo, as inclusões internas do mineral e as quantidades dos elementos, sendo esse, um trabalho minucioso.
Vale ressaltar que devido ao alto valor e a fama das Paraíbas, é comum existirem imitações, podendo ser sintéticas, de vidro, ou até mesmo outros minerais. Tratamentos a fim de melhorar a qualidade de uma gema também ocorrem, sendo o aquecimento o tratamento mais comum e quase indetectável nesse caso (GIA, 2014).
É comum em feiras de gemas pelo mundo, as Paraíbas serem o centro das atenções, não apenas pela raridade, mas por suas cores e tamanhos (figura abaixo). Investidores e interessados em joias diferenciadas apostam alto, principalmente em qualidades excepcionais, considerando que o valor do quilate nesses casos pode chegar a mais de 300 mil reais (GEMWORLD, 2022).
Referências
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